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Blog de volta!

Conquistei com muito suor e esforço um notebook! É bom quando se compra as coisas com o próprio dinheiro, passa a se dar mais valor para as coisas. Com este novo aparelho vou poder fazer uma das coisas que eu mais gosto: escrever. Criar o hábito da escrita é agradável e faz bem para a saúde, eu recomendo.

Fazia praticamente um mês que não postava no blog. Quase que eu o abandono! Passou um tempo importante em que deixei de cobrir coisas como a Copa do Mundo (que bom, o desabafo ia ser grande). Mas, agora, estou de volta a ativa. É como se eu fizesse uma cirurgia. Não que eu não viva sem o computador, mas este me traz uma certa felicidade. Sabe como é, né? Escutar música, ver fílmes, ler, escrever, pesquisar, jogar (isso não pode faltar). Pois bem, um centro de cultura no meu próprio quarto, a minha disposição. É isso que me fazia falta, isso que traz de volta uma parte de mim.

Hoje, não vou fazer um texto denso com aquela descarga de pensamentos que sempre faço. Porque não sei muito bem do que falar. Só queria passar pra dizer que estou feliz, muito feliz! Estou escutando música em casa! Que saudade disso! E falando em saudade, acabei de matar a saudade da Danizinha, então tá tudo certo. Não, digo, tá tudo perfeito - deu gosto de ver o Brasil jogar ontem, o Grêmio trouxe um técnico que vai arrumar a casa. Pra completar, o Inter, com todo respeito ao meu sogro, vai perder pro Chivas e meu time vai ganhar no futebol de quarta-feira.

Já falei que estou feliz em estar de volta? Quando se escreve é melhor de se expressar. Pois, bem, vou me despedir por aqui. Tenho que futricar no note. Logo, logo, dicas de filmes, músicas, futebol e muito desabafo no Filosof'EU'. Meus cumprimentos para os quase nada leitores do meu blog.

Mundo vagabundo

As vezes penso em ser vagabundo. Mas não um vagabundo qualquer. Não destes que cai de bar em bar, todas as noites, que volta pra casa embriagado e cai no sono. Nem daqueles que ganham a vida de forma fácil, trapaceando em jogatina, que usam da malandragem e da esperteza para sobreviver. Eu queria ser algo totalmente diferente disto.


O verdadeiro vagabundo – o único que merece respeito – é aquele que abandona tudo! Larga emprego, faculdade, vida social e (em casos extremos), até família. Abandona o conforto proporcionado pelo materialismo, abandona as comidas enlatadas, abandona a tecnologia, abandona o dinheiro, tudo, tudo! O vagabundo nato quer viver por instintos, ser nômade. Quer não ter lar, viajar, sobreviver, sentir todas as circunstâncias da sua vida com a maior intensidade possível. Ser assim é viver em risco vinte e quatro horas por dia, é aprender a viver com o pouco, quase nada, para sobreviver (poucas roupas, pouca comida, e paramos por aí porque um verdadeiro vagabundo não se preocupa em ter bens materiais). Por exemplo: um vagabundo não precisa de carro para percorrer um país, pois suas pernas suportam este peso; um vagabundo não precisa pagar imposto de renda, pois não possui nem comprovante. Ah! Cabe salientar que o vagabundo nato prega a liberdade, é utópico, crê nas leis naturais, no caráter instintivo do ser humano, e não em leis criadas pelos próprios homens que dizem pregar a justiça mundana.

Vagabundear, levando em conta este meu contexto, é algo extremamente complicado. Chega a ser quase utópico nos dias de hoje. Só os mais loucos dos homens são capazes de fazer isso. Capazes de abandonar um emprego de carteira assinada, rasgar seus cartões de créditos, abandonarem suas famílias (caso estas não concordem com a posição de vagabundo). Quem, hoje, vive sem internet? E Celular? Quem dirá luz elétrica! O vagabundo, para sumir, precisa queimar sua identidade, precisa fazer com que não seja notado, caso contrário, o mundo dos não-vagabundos o traz de volta. E, como se não bastasse, o mundo dos não-vagabundos ainda faz mais que isso: ridiculariza, escandaliza, ri, condena aquele que vagabundeia. O verdadeiro vagabundo é completamente louco, burro e tolo no mundo dos não-vagabundos.

Seja, talvez, burro e tolo aquele que não conheça literatura. O verdadeiro vagabundo só não consegue abandonar uma coisa de seu mundo instintivo: o estudo. Portanto, para o vagabundo tocar o pé na estrada ele tem que estar pronto emocionalmente para isso: tem que estar com a alma na utopia literária, tem que conhecer, ser inteligente e ter uma mente avançada para poder suportar a parte ruim de vagabundear. Jack London, escritor mundialmente famoso, tentava, através da literatura, mostrar a beleza da vida instintiva, mostrando como o ser humano age parecido com o lobo desde seu nascimento. Henry Thoreau, que chegou a ser preso por não querer pagar imposto (alegando que tinha o direito de não querer financiar a guerra entre EUA e México), chegou a viver no campo sem luz elétrica. Viveu completamente abandonado para viver mais instintivamente – caso que contou em Walden. Há vários exemplos de pessoas que tomaram este rumo, porém não cabe escrever aqui.

Algo que me inveja neste vagabundo é o tempo livre para viver, sua única preocupação é viver. Tem coisa melhor que isso? Eu não tenho tempo para me preocupar com isso. Tenho compromissos com a faculdade e emprego que já tomam conta dos meus dias. É assim, semestre por semestre, quando eu acho que a poeira vai baixar, ela aumenta novamente. Só me sobra tempo mesmo para dormir e descansar. Pergunto-me se tudo isto faz sentido. Acho que estou enlouquecendo...espero que, em alguma hora de minha vida, eu arranje respostas e que eu não me arrependa de minhas escolhas. Não há nada melhor que sentir-se satisfeito com sua situação atual.

Compartilhar

Indeciso quanto ao primeiro tema em que iria tratar aqui no blog, me fiz a seguinte pergunta: o que vale mais: agradar a si mesmo ou agradar aos outros? Uma pergunta que, para muitos, pode ser uma escolha fácil de fazer mas, para mim, simplesmente não há escolha. Isto porque não é possível o agradar a si mesmo de agradar os outros, os dois pontos estão eternamente ligados. A resposta é tão simples e clara (assim como, na matemática, um mais um é igual a dois) e provarei por inúmeros motivos que, quando comparados, chegam sempre a uma única resposta – o verbo compartilhar.

Estudando esta comparação, me deparei com uma surpresa. Descobri que compartilho tudo com todo mundo o tempo inteiro, constante ou inconstantemente, voluntária ou involuntariamente. Acredito que a maioria das pessoas são assim. Compartilho as aulas com alunos e professores; meu trabalho, com colegas; meus horários de lazer, com família e/ou amigos. Tudo, tudo! Estou sempre acompanhado de alguém fisicamente ou mentalmente. E não há como ser diferente, pois simplesmente compartilho. Algo tão natural em minha vida. Por este motivo, sou incapaz de escolher entre agradar a mim mesmo ou agradar aos outros: o eu está junto com os outros e vice-versa. O agrado é conjunto – este texto, por exemplo, escrevo-o e, assim, me realizo; enquanto atraio pessoas a lê-lo.

Cheguei até a pensar que este tipo de pensamento é uma vocação minha, cheguei a comparar-me com Amélie Poulain, personagem fictício do filme “A fabulosa história de Amélie Poulain”, cujo grande dom era fazer o bem, viver para os outros. Mas é tolice pensar que viver para os outros não é viver para si mesmo. Como já disse, estamos interligados condicionalmente. É tão óbvio, ninguém sobrevive sozinho. O sorriso sozinho não vinga, o olhar sozinho não vinga, a palavra sozinha não sobrevive. Todos necessitam de pelo menos uma pessoa para compartilhar, para agradar e sentir-se, ao mesmo tempo, agradado. O agrado a si próprio, com extremo egoísmo, uma hora também não irá vingar. O próprio conforto e a própria luxúria, se for destinado a apenas um único ser, perderá sentido ao longo do tempo: de que adianta ter todo o conforto do mundo e não ter com quem dividir? O compartilhar não se trata de dom ou vocação, é apenas uma ação simples, clara e comum entre todas as pessoas (as que discordam, só o fazem por não refletirem o suficiente sobre o assunto). Outro fato que comprova minha afirmação é que estamos constantemente criando grupos de contato, geramos diariamente relações de forma natural, justamente por ser uma necessidade do ser humano.

Uma vez um professor de Economia teve a audácia de dizer uma grande besteira, que é contrário a todo meu raciocínio (no meu modesto ponto de vista, claro). Ele afirmou que o homem racional é por natureza amoral, ou seja, não reage com a pobreza e problemas dos outros. O grande problema da economia é achar que tudo gira em torno dela. E, em nome dela, são ditas e feitas atrocidades que vão contra minha opinião na questão abordada neste texto. Por exemplo, Karl Marx, economista e sociólogo fortemente influente do pensamento humano, simplesmente dividiu classes sociais e afirmou que a única solução para problemas da sociedade é a guerra entre as classes. Logo, acreditou ser impossível a união de pessoas e junção de desejos a serem compartilhados, além de criar o sentimento contrário, a exclusão de um para o bem de outro. Seria este um pensamento racional? Para mim, é a razão do irracional, pois é irracional aquele que não acredita na capacidade de compreensão, na capacidade de acordo, na decisão de auxílio em conjunto entre homens – ou seja, todas são alguma forma de compartilhamento.

Trago um exemplo da literatura para reforçar minha visão. Jorge Amado teve que dormir no trapiche dos meninos de rua da Bahia para escrever Capitães de areia. Neste livro, meninos sofridos que nunca receberam carinho de pai, nem mãe e que necessitam de furtos para sobreviver na rua. Até estas crianças, que não faziam parte da tal sociedade baiana, que as julgava como ladrões arruaceiros e queria o seu fim em prisões ou reformatórios, até estas crianças compartilham. Até elas, que não tiveram a devida educação, têm que dividir suas atividades, seus bens, para sobreviver (só assim quebrariam aquele tipo de sofrimento). Só o compartilhar faz o ser humano feliz, e isto se dá de forma natural. Agradamos os outros porque queremos, porque fazendo um gesto deste tipo agradamos a nós mesmos. É sempre assim. Estamos aprendendo e ensinando, comunicando e sendo comunicados, discordando e sendo discordados. Porque uma coisa leva a outra invariavelmente, fazemos algo porque esperamos a resposta de alguém. E por isso que compartilhamos, faz parte do ser humano esta única forma de agrado. Até os capitães de areia, os que mais teriam razões para não compartilhar, até eles compartilham.

Como disse Tolstoi em um de seus livros: “a felicidade só é real quando compartilhada” e como deduzo que todos vivemos em busca da verdadeira felicidade, necessitamos compartilhá-la para conseguir alcançá-la. Como prometi esclarecer aqui, é simples e fácil entender que agradando a si mesmo está, indiretamente ou não, agradando aos outros; assim como o contrário também é recíproco.