O futuro do blog, o futuro do livro

Um blog de uma pessoa como eu – que trabalha seis horas por dia, estuda mais quatro e viaja de ônibus mais duas – tem vida curta. Falo isso por experiência própria. Gostaria que as pessoas me lessem, gostaria de ter um site para escrever. E tenho isso. O problema é até que ponto ter um blog é prioridade na minha vida.

Meu blog está em coma, quase morrendo. O meu gosto por escrita o faz ressuscitar. Comecei a escrever um romance, também. Mas este é mais pessoal, não iria o expor assim. Não que eu tenha leitores assíduos, mas o fato de uma informação estar disponível na rede, dentro da Cauda Longa, é sinal de que um dia poderá ser recuperada.

Enfim, assim como meu blog, existem extremistas que falam, também, da extinção do livro. São pessoas entusiasmadas com o meio digital e que, obviamente, não pensam em preservação e, talvez, não tenham criado o hábito de leitura em suas vidas. A questão dos livros, levantada por Robert Darnton, vem tomando boa parte do meu tempo dedicado à leitura. Ele, assim como eu, gosta de folhear um livro, de seu cheiro, de sua arte. É óbvio que o e-book é revolucionário. Já está mais que batido que os hiperlinks transformam o pequeno texto em um mundo sem fronteiras. Agora, confiar só nisso é um erro. Pensar em uma biblioteca que só tenha um computador e um bibliotecário, até é possível e válido. Porém, é exagero acreditar que não seja necessário mais livros. Pior ainda (e falo isso para leigos no assunto), é acreditar que “tá tudo no Google”. Mentira, impossível! Vivemos num mundo em que se produz informação em excesso, por isso há a falsa idéia de que o conhecimento está disponível de forma gratuita em motores de busca.

Imagine, então, o que sobra para os repositórios? Não falo em repositórios digitais de periódicos ou de teses e dissertações – estes vão muito bem e merecem devido sucesso. Falo dos repositórios nacionais. Falo, neste sentido, também, de nossas bibliotecas públicas. Não imagino um repositório ou biblioteca composta por pen-drives e computadores. Tão não imagino quanto é absurdo pensar desta maneira. Com o tempo, o homem descobriu que o suporte mais confiável para preservação, desde a invenção de Gutenberg, é o livro, e que, quanto mais passa o tempo e mais se criam mídias, menor é o tempo de vida dos documentos.

Desabafo feito. Defendam o livro, mantenham suas estantes vivas! Assim como meu blog, ele pode estar perto do fim. Vida longa ao livro, vida longa ao meu blog.

Ass.: cético da web.